terça-feira, 17 de junho de 2008

Soneto de Domingo

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Não tarde mais dum instante
O bocejo no ar da boa noite
Embalado na música do açoite
Deitado em casulo variante.
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Quisera ter deste fim apenas o lume
Que brasa inofensivo no cume do incenso
E ser em lembranças somente um pretenso
Jardineiro que no jardim seu mundo resume.
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Porém são maiores os dias no calendário
Perfilam sentinelas com velas em mãos
Iluminam sem dó tal qual dor de cera em pingo.
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Personagem real antes que imaginário,
Resumido ao nu dos noturnos desvãos,
Entregue ao desuso de um ignóbil domingo.
Benito Francisco Vasques

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